14 setembro, 2010

No outono

A buzina dos automóveis, a luz entrando pela pequena fresta da janela, o entregador de jornais. Sem dúvida amanhecera. Estava tudo igual, tudo normal. Era só mais um dia. Um dia comum, como outro qualquer. Por que nada mudara? Por que o despertar fora igual ao de qualquer outro dia? Da janela ouvia-se a voz rouca da senhora apressando seu cão. Certamente estava indo buscar o pão e o leite, como de costume. Estava adiantada! Ainda faltava um quarto para às sete. A imagem refletida no espelho estava exatamente igual a da manhã anterior. O rosto parecia cansado, mas ainda era o mesmo do ano anterior - sem nenhuma grande mudança. O quê acontecera no ultimo ano? O emprego era o mesmo. O apartamento parecia menor, mas também era o mesmo. Ah! O carro! Estava com pintura nova. Até parecia outro! - Saco! - como sempre, a toalha estava na cadeira do quarto. Por que toalha de rosto tem que ser tão pequena? Quem lava o rosto pode molhar os braços, o pescoço... O moço da padaria estava simpático. Bem, ele é simpático todos os dias. A moça do caixa nem levantou os olhos, limitou-se apenas a pegar o dinheiro e colocar o troco sobre o balcão. É... ninguém se importa! O telefone tocou, mas parou. A chave ainda estava na porta quando tocou novamente...
– Alô!
– Parabéns! Feliz Aniversário!...

3 comentários:

Alguém! disse...

Por isso nunca fiz questão de aniversários... Para mim é sempre a mesma coisa! Lidar com a hipocrisia do mundo me torna um averso!

Incógnita disse...

Mas eu acredito que, no final, sempre tem alguém que se importa. Mesmo que isso nao faça a menor diferença..

Cocamonga baby! disse...

Sempre tem alguém por quem nos importamos. E no final, são por essas pessoas que vivemos e doamos um pouco de nós a cada dia!